O nome karaokê deriva da junção de duas palavras da língua japonesa
e significa “orquestra vazia”. Essa desgraça existe desde 1940 e, para alegria
geral, seu criador Daisuke Inoue não ganhou um centavo com a invenção – o karma
existe.
Os bares de karaokê comportam no mesmo ambiente as duas coisas
mais perigosas da humanidade: álcool e microfones. Uma terceira maldição de
nível bíblico – Deus bem poderia tê-la usado no lugar do dilúvio – são as
músicas MIDI. Para quem não sabe, essa modalidade sonora se assemelha aos
primeiros toques monofônicos dos celulares e é basicamente semelhante ao que
seria um canto à capela do Beep Beep,
aquele pássaro insuportável que foge do coiote nos desenhos.
Estar num ambiente tão inóspito leva ao que os especialistas
chamam de círculo vicioso: Você bebe para aguentar a cantoria e então, de
repente, está cantando também, o que o leva a, posteriormente, beber mais para
suportar a vergonha.
Em um dado momento alguém irá, invariavelmente, se arriscar
cantando Legião Urbana. Pior do que isso, um indivíduo já incluído no círculo
vicioso supracitado conseguirá cantar mais alto que os alto-falantes – e sim,
essa pessoa odiosa estará ao seu lado.
O karaokê, contudo, serve para realização de estudos muito
mais sérios. Uma análise pormenorizada do ser humano frente a uma tela na qual
a letra conduz o andamento e o som o determina prova que as pessoas são
incapazes de ler e cantar ao mesmo tempo. Deficiência que acompanha a
humanidade desde o início dos tempos, quando se tentava chupar cana e assobiar
concomitantemente.