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Rodrigo Constantino e seu livro "Privatize Já" |
Eis que um
liberal da revista Veja decidiu montar um espaço para descer o cacete nos
marxistas, no Marx e no marxismo. Um post chamou a atenção pela imbecilidade do
conteúdo (http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/socialismo/aluno-se-nega-a-fazer-trabalho-sobre-marx/):
um aluno, de nome João Victor Gasparino da Silva, estudante do curso de
Relações Internacionais da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), se
recusa a fazer um trabalho sobre Marx. Ao invés do estudo, entrega ao professor
um “manifesto” (torto tanto em estrutura quanto em conteúdo) para justificar a
própria ignorância e afirmar que a instituição busca doutriná-lo, utilizando
professores comunistas maléficos.
Pior do que
isso, o caso ganha repercussão e o dito liberal, chamado Rodrigo Constantino,
resolve divulgar o caso. Fez sucesso entre a burguesada (e os infantilóides que
os ostenta).
Os comentários deste
que escreve foram sumariamente recusados (à exceção de um, que deu margem a uma
resposta escabrosa, de um tal Flavio!).
Segue aqui a
resposta dada pelo Cafife ao suposto ser-pensante – de nome Flavio – por intermédio
dos comentário do blog de outro suposto ser-pensante, o Sr. Rodrigo
Constantino.
(O texto do
Flavio está ao fim do meu escrito)
A resposta:
É muito
característico, Flávio, o ideário liberal segundo o qual a classe trabalhadora
se beneficia por intermédio da atividade capitalista. Contudo, quem se
beneficia mais largamente dessa atividade?
Você diz, por
intermédio de Mises, que “o progresso do capitalismo não empobrece os
assalariados de modo crescente; ao contrário, melhora seu padrão de vida”. Mises não deve ter andado de transporte
público! Trabalhado num chão de fábrica! Comido marmita... Pois,
se o tivesse feito – ou ao menos buscado compreender – veria o imenso avanço
que o capitalismo trouxe: Medidas paliativas para justificar o acúmulo
excedente do valor produzido pelo trabalho proletário.
“Por que as
massas seriam inevitavelmente induzidas a se revoltarem quando se sabe que elas
estão tendo acesso a mais e melhores alimentos, habitações e vestuários, carros
e geladeiras, rádios e aparelhos de televisão, nylon e outros produtos
sintéticos?…”. Pelo motivo simples de que a ideologia dominante é, invariavelmente,
a da classe dominante. A falácia vendida ao povo é a de que este é o fim da
história, o ápice da humanidade. Os problemas serão resolvidos gradualmente,
dizem os liberais, inflando o bolo para dividi-lo – a gula liberal, entretanto,
deixa somente migalhas.
Os liberais
afirmam que a miséria se reduzira à medida do crescimento do capital. Somente
se esquecem de que a base do capital é o pauperismo. Sem a exploração do
trabalho, não há capitalismo. E se isso é evolução, pergunto: evolução de quem?
Do gênero humano? Ou dos liberais?
A vida somente
pode ser embasada num fundamento básico: “de cada um, segundo sua
possibilidade, para cada um, segundo sua necessidade”. Sem isso, a igualdade é
falha – e, antes de ser igualdade, é sempre exploração.
Mas, parabéns
liberais! Vocês estão na crista da onda desde a revolução francesa, ainda se
gabando do Sonho Americano. As crises financeiras, claro – dirão os liberais –
são culpa dos inadimplentes, desocupados, hippies que deveriam colocar gravata
e trabalhar, pois são vagabundos. O sistema é inabalável. Perfeito! Os
descontentes são “ratos” (como eloquentemente o colunista apontou em seu post
relacionado ao Che Guevara tomando Coca-Cola - http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/comunismo-2/o-rato-na-coca-cola/).
Mas o nível de
existência de vocês, liberais, remete mais fielmente a um roedor: o hamster,
cujo nome vem da palavra alemã
"hamstern" que significa "acumular" ou
"armazenar" - uma referência ao que
este mamífero faz com a comida. Isso lembra os liberais. Enchendo as bochechas
com o fruto de nosso trabalho para, mais tarde, regurgitar a parcela mínima nas
classes subalternas, esperando, ainda, a ovação cega dos que, para eles, não
são “ratos”, pois lhe servem como “ovelhas”.
A Besta Fala:
Flavio - 30/09/2013 às 22:15
Constantino, um
pouco de Mises pro Eduardo Kaze 08:31 pensar:
“Marx nunca embarcou na impossível tarefa de refutar a descrição feita pelos
economistas do funcionamento da economia de mercado. Ao invés disso, sua ânsia
era mostrar que o capitalismo iria, no futuro, levar a condições bastante
desagradáveis. Ele tentou demonstrar que a operação do capitalismo
inevitavelmente iria resultar, de um lado, na concentração de riqueza nas mãos
de um número cada vez menor de capitalistas, e, de outro, no progressivo
empobrecimento de uma imensa maioria.
Na execução dessa tarefa, ele iniciou seu raciocínio pela espúria ‘lei de ferro
dos salários’ — de acordo com a qual o salário médio é aquela quantidade
específica dos meios de subsistência absolutamente necessários para permitir,
de maneira escassa, que o trabalhador possa sobreviver e criar sua prole. Essa
suposta lei já foi, desde então, inteiramente desacreditada, e até mesmo os
mais fanáticos marxistas já a abandonaram. Porém, mesmo que alguém estivesse
disposto, pelo bem da argumentação, a dizer que tal lei é correta, é óbvio que
ela não poderia de maneira alguma servir como base para uma demonstração de que
a evolução do capitalismo leva ao empobrecimento progressivo dos assalariados.
Se, sob o
capitalismo, os salários são sempre tão baixos a ponto de, por razões
psicológicas, não poderem cair ainda mais sem que isso extermine toda a classe
de assalariados, é impossível manter a tese apresentada pelo Manifesto
Comunista de que o trabalhador “se afunda mais e mais” com o progresso da
indústria. Como todos os outros argumentos de Marx, essa demonstração é
contraditória e autodestrutiva. Marx jactava-se de ter descoberto as leis
imanentes da evolução capitalista. A mais importante dessas leis, segundo ele
próprio, era a lei do empobrecimento progressivo das massas assalariadas. É o
funcionamento dessa lei que ocasionaria o colapso final do capitalismo e a
emergência do socialismo. Quando essa lei for entendida como totalmente
espúria, as bases tanto do sistema econômico de Marx quanto de sua teoria da
evolução capitalista estarão acabadas.
Incidentalmente,
temos de compreender o fato de que, desde a publicação do Manifesto Comunista e
do primeiro volume de O Capital, o padrão de vida dos assalariados, nos países
capitalistas, aumentou de uma forma sem precedentes e até mesmo inimaginável.
Marx deturpou a operação do sistema capitalista em todos os aspectos possíveis.
O corolário do
suposto empobrecimento progressivo dos assalariados é a concentração de todas
as riquezas nas mãos de uma classe de exploradores capitalistas que existem em
números continuamente decrescentes. Ao lidar com essa questão, Marx foi incapaz
de levar em consideração o fato de que a evolução das grandes empresas e suas
unidades comerciais não necessariamente envolve a concentração de riqueza em
poucas mãos. As grandes empresas são, quase que sem exceção, corporações —
precisamente porque elas são grandes demais para que poucos indivíduos sejam
inteiramente os proprietários delas. O crescimento das unidades comerciais
ultrapassou em muito o crescimento das fortunas individuais. Os ativos de uma
corporação não são idênticos à riqueza de seus acionistas. Uma parte
considerável desses ativos, o equivalente a ações preferenciais, títulos
corporativos emitidos e empréstimos levantados, pertence virtualmente, senão no
sentido do conceito legal de propriedade, a outras pessoas — a saber, os donos
dos títulos, das ações preferenciais e os credores das dívidas. Onde essas
ações e obrigações são mantidas por bancos e companhias de seguro, e esses
empréstimos foram concedidos por esses bancos e companhias, os virtuais
proprietários são as pessoas clientes dessas instituições. Da mesma forma, as
ações ordinárias de uma corporação não estão, via de regra, concentradas nas
mãos de um homem. Quanto maior a corporação, mais amplamente distribuídas estão
suas ações.
O capitalismo é essencialmente produção em massa para satisfazer as
necessidades das massas. Mas Marx sempre trabalhou com o conceito enganoso de
que os trabalhadores labutam arduamente apenas para o benefício da uma classe
superior de parasitas ociosos. Ele não percebeu que os próprios trabalhadores
consomem, de longe, a maior parte de todos os bens de consumo produzidos. Os
milionários consomem uma porção quase que insignificante daquilo que é chamado
de produto nacional. Todas as sucursais das grandes empresas provêem direta ou
indiretamente às necessidades do cidadão comum. As indústrias de luxo nunca se
desenvolvem além das unidades de pequena ou média escala. A evolução das
grandes empresas é, por si só, prova do fato de que as massas, e não os ricaços
nababos, são os principais consumidores. Aqueles que lidam com o fenômeno das
grandes empresas classificando-o de “concentração do poder econômico” não
percebem que o poder econômico pertence ao público consumidor, de cujo consumo
depende a prosperidade das fábricas. Na sua capacidade de consumidor, o
assalariado é o cliente que “sempre tem razão”. Mas Marx declara que a
burguesia “é incompetente em garantir uma existência para seu escravo dentro de
sua escravidão”.
Marx deduziu a excelência do socialismo do fato de que a força motora da
evolução histórica — as forças materiais produtivas — certamente ocasionará o
socialismo. Como ele estava absorto naquele tipo hegeliano de otimismo, não
havia qualquer necessidade em sua mente de demonstrar os méritos do socialismo.
Era óbvio para ele que o socialismo, sendo a última etapa da história após o
fim do capitalismo, era também uma etapa superior. Era uma blasfêmia absoluta
duvidar de seus méritos.
O que ainda faltava ser demonstrado era o mecanismo por meio do qual a natureza
produziria a transição do capitalismo para o socialismo. O instrumento da
natureza é a luta de classes. À medida que os trabalhadores vão se afundando
cada vez mais em decorrência do progresso do capitalismo, à medida que sua
miséria, opressão, escravidão e degradação aumentam, eles são induzidos à
revolta, e sua rebelião estabelece o socialismo.
Toda a cadeia
desse raciocínio é despedaçada pela observação do fato de que o progresso do
capitalismo não empobrece os assalariados de modo crescente; ao contrário,
melhora seu padrão de vida. Por que as massas seriam inevitavelmente induzidas
a se revoltarem quando se sabe que elas estão tendo acesso a mais e melhores
alimentos, habitações e vestuários, carros e geladeiras, rádios e aparelhos de
televisão, nylon e outros produtos sintéticos?…”