segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Seria o karaokê uma maldição bíblica?

O nome karaokê deriva da junção de duas palavras da língua japonesa e significa “orquestra vazia”. Essa desgraça existe desde 1940 e, para alegria geral, seu criador Daisuke Inoue não ganhou um centavo com a invenção – o karma existe.
Os bares de karaokê comportam no mesmo ambiente as duas coisas mais perigosas da humanidade: álcool e microfones. Uma terceira maldição de nível bíblico – Deus bem poderia tê-la usado no lugar do dilúvio – são as músicas MIDI. Para quem não sabe, essa modalidade sonora se assemelha aos primeiros toques monofônicos dos celulares e é basicamente semelhante ao que seria um canto à capela do Beep Beep, aquele pássaro insuportável que foge do coiote nos desenhos.
Estar num ambiente tão inóspito leva ao que os especialistas chamam de círculo vicioso: Você bebe para aguentar a cantoria e então, de repente, está cantando também, o que o leva a, posteriormente, beber mais para suportar a vergonha.
Em um dado momento alguém irá, invariavelmente, se arriscar cantando Legião Urbana. Pior do que isso, um indivíduo já incluído no círculo vicioso supracitado conseguirá cantar mais alto que os alto-falantes – e sim, essa pessoa odiosa estará ao seu lado.
O karaokê, contudo, serve para realização de estudos muito mais sérios. Uma análise pormenorizada do ser humano frente a uma tela na qual a letra conduz o andamento e o som o determina prova que as pessoas são incapazes de ler e cantar ao mesmo tempo. Deficiência que acompanha a humanidade desde o início dos tempos, quando se tentava chupar cana e assobiar concomitantemente.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Se você tiver HIV, não saberá

Texto publicado na edição 741 do jornal Ponto Final
 
O primeiro relato de diagnóstico da doença atualmente conhecida como Aids é datada de 5 de julho de 1981, nos Estados Unidos. A origem da doença, trinta e um anos passados, é ainda um mistério. Teorias que vão desde o contato com primatas – uma mutação do vírus da imunodeficiência símia – proveniente da caça ocorrida desde o século 19, até negligência de pesquisadores que buscavam desenvolver uma vacina contra a poliomielite, na década de 1950, permeiam a rede mundial de computadores e estão abertas a todos.
Entretanto, não tão acessíveis quanto à informação referente ao HIV, os testes de detecção do vírus estão escassos e restritos na região do ABC. A campanha “Fique Sabendo”, integrada ao Dia Mundial de Combate a Aids, cujo objetivo é promover ações de detecção e prevenção à doença, não ocorrem nas cidade de Santo André, São Caetano, Diadema e Ribeirão Pires, como denuncia matéria veiculada nesta edição do Ponto Final (página 4).
Os motivos e suposições para a isenção desses municípios na agenda da campanha variam. Mais do que elucubrar sobre os pretextos, comumente vinculados ao despreparo administrativo e ao evidente descaso de fim de mandato de alguns administradores, cabe o levantamento primordial: picuinhas pseudo-políticas não devem, jamais, constarem na agenda da saúde pública.
Estimativas da Secretaria da Saúde de São Paulo apontam que, diariamente, oito pessoas são mortas pelo vírus no Estado. E apesar da redução gradual dos últimos dez anos, é importante não esquecer que uma guerra só é vencida com ações massivas de repreensão ao inimigo.
E não se enganem caros leitores, estamos em uma guerra. Uma guerra que, além dos limites do corpo, no qual o HIV se prolifera, atinge o campo social. Sem ações coordenadas, entre agentes federais, estatais e municipais, numa unidade presentemente inviável em virtude das características intrínsecas à política, certamente sucumbiremos e, dentro em pouco, todos estarão entre os oito mortos por dia.
Mas não estendamos este texto aos limites da politicidade, tampouco entremos no campo da crítica revolucionária ao sistema político. Por hora, queremos o essencial. E conhecimento é essencial. Sem, por exemplo, a possibilidade de realizar um simples exame, de trinta minutos e custo ínfimo ao governo, podemos sem saber estar dando armas ao inimigo, proliferando um vírus maligno. Por mero descaso organizativo da organização de nossos governantes, podemos estar semeando a própria destruição.
Prevenção, evidente, é o caminho primordial para a erradicação da Aids. Use camisinha, diga não as drogas, mantenha um relacionamento seguro. Todas essas frases de efeito são, certamente, o fundamento do combate. Mas queremos mais. Queremos realizar um exame simples – e isso se estende a outros ramos da medicina – sem ter de passar por burocracias infundadas que levam o tempo de espera para além da expectativa de vida média dos brasileiros, queremos o direito de participar de uma campanha em prol da vida, queremos viver.
Precaução e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Mas, no final, caso fechemos os olhos às circunstâncias, só restarão os que, por usurpação, banqueteiam sobre nossas carcaças pagadoras de impostos.
 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Medo e delírio em alto mar – notas sobre um Cruzeiro

Você está numa imensa fila, de cinco ou seis voltas observando os atendentes levantarem plaquinhas com os dizeres “Libero” e “(algo em inglês que ninguém da viagem conseguiu lembrar posteriormente)”; é um sinal para que o próximo passageiro vá ao guichê fazer o check in de embarque e avisar como pretende pagar suas contas no interior do navio MSC Magnífica.
Algo que você já sabia por intermédio do seu agente de viagem se confirma, o Cruzeiro só aceita pagamentos em dólar, o que o obriga a sumariamente seguir dois caminhos: passar pelo câmbio e comprar dólares para associar ao seu cartão do navio (que serve tanto para abrir a porta da sua cabine quanto para gastar nos bares etc.) ou associar ao mesmo um cartão de crédito internacional. Optamos pela segunda opção (frustrada, em virtude de uma pane no sistema de computadores, como explicou o jovem atendente. Seria preciso fazer isso no interior do navio).
Os dizeres em italiano e inglês (ainda que um inglês idiota, pois a palavra Free teria o mesmo efeito com muito menos caracteres, o que teria me permitido lembra-la neste texto), assim como a moeda corrente e a obrigatoriedade de vincular seu cartão da cabine a um esquema de pagamento era um presságio do que estaríamos por ver.
Embarcamos e fomos recebidos pela tripulação com mecânicos Bem Vindos, cujo sotaque era inegável – sotaques variados se apresentariam, ainda, quando pouco depois chegamos ao 13° andar, onde estavam os bares. Ao contrário do alto escalão de comandantes, imediatos etc., formado majoritariamente por italianos (claro, o navio é italiano), aqui um conjunto de habitantes do terceiro mundo serviam mesas e eram, comumente, taxados de arrogantes pelos passageiros por não falarem uma palavra de português. Peruanos, colombianos, filipinos, uns poucos brasileiros e toda sorte de habitantes do lado de baixo da linha do equador recebiam uma enorme quantidade de pedidos.
A incompetência linguística dos atendentes só não era superada pela dos passageiros, que gritavam desesperados, como macacos quando veem seus tratadores, acenando os cartões e reclamando do atendimento. Os tratadores certamente entendem melhor os macacos.
Não demorou a os emergentes viajantes brasileiros desenvolverem uma forma rústica de comunicação; todos aprenderam a apontar seus desejos no cardápio e a falar beer. Como dificilmente pegariam mais de dez latas, não tinham problemas em distinguir, também, o número que gostariam.
Podia se ver, até mesmo porque eu estava lá, que a ralé finalmente podia usufruir dos prazeres das classes abastadas. As classes abastadas, por sua vez, escandalizavam-se com a falta de tino da ralé. A ralé possuía cartões de crédito e, pior de tudo, crédito em seus cartões. Madames e especuladores se mostravam magnânimos ostentando suas marcas de roupas, decência e drinks caros (uma lata de cerveja custava 2,80 dólares mais a taxa de serviço de 15%, o que nos gerava uma conta de 3,22 dólares por lata, ou cerca de 6,50 reais. Dá para imaginar o custo de um drink de 8 dólares, que você precisaria de uns quatro só para abrir o apetite para o almoço – felizmente vinculado ao custo da viagem, assim como o jantar).
Os ricos não estavam contentes com a presença dos pobres, mas tentavam não demonstrar, limitando-se a pequenos olhares de desaprovação, mascarados por baixo de seus óculos e chapéus.
Já que comentei do almoço, vamos a ele.
Antes de os quartos estarem liberados, com as respectivas malas dos passageiros dispostas em suas portas, era obrigatório ficar em algum ponto do navio. A maioria escolheu os bares. O embarque ocorreu por volta das 13h e o almoço seria servido aproximadamente duas horas depois – tempo suficiente para os passageiros beberem e tornarem-se esfomeados animalescos.
Uma fila de cerca de quarenta metros se formou entre o balcão de comidas e o resto do restaurante. O pânico tomava conta e muitos não desmaiaram por educação.
Após se alimentarem, todos puderam seguir, finalmente, para seus quartos e colocarem roupas mais confortáveis – a sensação térmica era de pelo menos trinta graus.
Confortavelmente trajados e parcialmente alimentados, a grande maioria retornou ao convés dos bares e agiram como marinheiros em terra firme, bebendo compulsivamente – o idioma estrangeiro já não incomodava, pois ninguém mais se entendia de qualquer maneira.
Quantias exorbitantes de dólares eram computadas segundo a segundo pelos balconistas. Pessoas que passariam o ano de 2013 inteiro pagando as contas das extravagâncias do fim de 2012 pareciam não se importar com o tanto de trabalho extra que fariam pela falta de tino financeiro praticada a bordo.
Estávamos numa orgia econômica que os pobres da classe média esperaram a vida toda para exercer. Deslumbravam-se tratando os atendentes como lixo, numa vingança social histórica. Era a vez deles, e sugariam cada gota de sangue que sentiram lhes ter sido sugada um dia.
Os três dias que se seguiram tiveram, por sua vez, as mesmas características, excetuando os locais – muitos foram aos cassinos, outros compraram coisas a bordo no que parecia um shopping flutuante, alguns se mantiveram em suas cabines, mareados, praguejando o balanço do navio. Festas, comida, álcool, drogas (quem sabe?!), suor e cartões de créditos estourados, talvez a isso tenha se limitado o Cruzeiro realizado entre 16 e 19 de novembro de 2012, partindo do Porto de Santos e seguindo para Búzios, Ubatuba, e de volta a Santos.
Vale a pena? Não sei ao certo se uma pena pode ser associada a um passeio. Mas, todavia, a diversão certamente ocupou os passageiros pela maioria do tempo. Diversão essa que, certamente, será questionada parcialmente com a chegada da fatura da prestadora de crédito em dezembro próximo. Mas isso é outra história...


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Fraude no cartão do banco e a imaginação jornalística

No ínício deste ano, o cartão  da conta poupança de um jornalista foi fraudado, culminando num roubo em seu parco orçamento. Segue abaixo as constatações levantadas referentes ao percurso dos criminosos, baseadas em dados bancários:
 
Reuniram-se (os meliantes) em grupo na casa de um amigo. Um ou dois indivíduos seguiram ao Autoposto Trapézio (Rua Antonio Marques Julião, 640, Jd. Guairaca, São Paulo - SP). Abasteceram cerca de 26 litros de gasolina, no valor de R$ 70. Voltaram a se encontrar com os amigos, de onde seguiram para a Casa de Carnes San Gabrielle (Av. Queiroz Filho, 1223, V.l. Humaíta, Santo André – SP). Efetuaram compras no valor de R$ 119,06, pagando às 14h56. De lá seguiram para efetuar compras de bebidas e seguir à praia (o que justifica completar o tanque do veículo – carros populares utilizam cerca de 50 litros no total de tanque). Na outra compra, o cartão deixou de ter limite. O que os forçou a usar um novo cartão fraudado.
 Adendos
O percurso entre o autoposto e o açougue leva, em média, 15min. O que leva a crer que existia um grupo ao qual o estelionatário havia se encontrado antes de ir ao posto, e depois, antes de seguir ao açougue. Pois o intervalo entre os dois débitos foi de 72 min.
O total de combustível foi calculado segundo o valor de R$ 1,70 o litro. Assumindo aqui que o uso no posto foi somente em combustível e, também, que o meliante pretendia seguir para um destino mais distante depois da fraude, ou seja, a baixada.
 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Sartorão- A Aula de Um Homem Só (homenagem ao dia do professor)

Sartorão era seu nome. Usava calças jeans sempre muito apertadas (de cores diversas: às vezes azuis, às vezes verdes, rosa...). Era magro, lânguido e semi-careca: penteava o cabelo lateral (mais comprido em um dos lados, exatamente para cumprir essa função) por sobre sua calvície pré-frontal. Era um perfeito Ney Matogrosso de Chernobyl. Inclusive não era, dizia-se, entusiasta do heterossexualismo. Era professor de Educação Artística.
           
Suas aulas eram um caos: Cadeiras voavam; saias eram levantadas; pequenos ringues eram armados... A sala de aula parecia ter sido dominada por Gremllins [1]. Essa algazarra, no entanto, não parecia incomodar Sartorão. Munido de seu arsenal de réguas nos mais diferentes formatos, dava a aula para ninguém. Sua voz era raramente ouvida; comumente, em momentos em que entoava uma canção (pois é... ele cantava sozinho também).
           
Numa de suas aulas, onde a porta era trancada como maneira de impedir que os alunos evadissem, o alarido tomou aspectos extremos. Um grupo de alunos praticava luta livre ao fundo da sala, outro jogava truco; meninas ensaiavam coreografias; havia uma roda de capoeira, se não me engano. Sartorão dava aula, entusiasmado, para a sala fictícia que, provavelmente, enxergava. O barulho tomava níveis inimagináveis. Alguém passou a bater à porta efusivamente, pelo lado de fora, aos brados anunciando: “Sartorão, abra! É a Dona Ondina, a diretora”. Sartorão foi incisivo: “Esses alunos não me enganam! Pensam que não reconheço quando imitam a Dona Ondina?”. E a aula seguiu. Sartorão pulava pra lá e pra cá, criando mosaicos e letras góticas com suas réguas, na lousa. Ele realmente estava dando aula para dois grupos de artes marciais, um grupo de dança, um torneio de truco, e outros que faziam nada, mas estavam de costas pra ele. A porta fora arrombada pelo servente. Era realmente Dona Ondina.
           
O sermão da diretora se estendeu pelo resto dos minutos que faltavam para o intervalo. Ao sair,  levou consigo o barulho. A sala fechou um silêncio mórbido. Visualmente abatido, Sartorão dirigiu-se à porta (ou o que restou dela), fechou-a, e, com giz, lhe traçou um quadrado na altura dos olhos, logrando abaixo: ‘Colocar um Vidro Aqui!’.
           
Essa foi uma das muitas aulas de Sartorão. Todas com o mesmo aspecto. Ele nunca fora demitido. E nunca conseguiu dar uma aula sequer. Se existe um professor que representa a sandice que se atinge ao tentar aplicar a idealização de ensino na realidade, esse professor é ele. Que provavelmente começou na melhor das intenções, mas acabou louco, careca e desacreditado.



[1] Filme americano de 1984, sobre umas criaturas verdes que tocavam o terror numa cidade provinciana.

Diário do Apocalipse (republicação)

À flor da pele. Esta é a definição mais exata dos ânimos na Palestina. Desde a volta do filho de Deus, Jesus Cristo (Céu), na última terça-feira (9), a guerra entre os soldados divinos e satânicos está literalmente em chamas. A ofensiva de Cristo, que aparentemente ganhava território, recuou diante o ataque da Besta de Dez Chifres que subiu do mar. De acordo com a assessoria de Deus, sob responsabilidade do Apóstolo Pedro (Terra/Céu), a derrota está sendo analisada. No entanto, nenhuma nota oficial foi divulgada.
É preciso ponderação neste momento. Estamos mobilizados e pretendemos prender Satanás (Hell) por mil anos em breve”, afirmou Pedro durante a coletiva de imprensa, improvisada em Israel. Em nota divulgada pelas forças do mal, a rendição não é cogitada.

Pragas
Até o fechamento desta edição, três pragas já haviam sido derramadas sobre a Terra. Segundo a assessoria divina, elas somente atingiram os que possuíam a marca da Besta. Contudo, não souberam responder qual é essa marca e nem o número exato de vítimas.
O chefe de gabinete divino, São Jorge, afirmou em declaração oficial que entre os mortos, também haviam cristãos. “Cristo deu um tiro no pé. Isso é inadmissível e eu levarei ao conhecimento do Grande Pai (Deus). Com essa ofensiva, a Babilônia será a morada de demônios por muito mais de mil anos”.
Procurado por nossa reportagem, Cristo declarou estar seguindo o protocolo (Bíblia). “Não sou responsável por marcar os condenados. Isso é trabalho do Judiciário”, afirmou ele, que se comprometeu a abrir uma sindicância para apurar a atuação dos Anjos.

Jesus Cristo vem sendo alvo de acusações de despreparo diante do comando da batalha. A Associação de Canonizados do Reino de Deus (ACRD), entidade formada em sua maioria por Papas e religiosos que já morreram, chegou a veicular um panfleto de protesto. “Transformar água em vinho e curar aleijados qualquer um consegue. Mas e agora, quem prende a Besta?”, indagava o folhetim.

Para entender a ressurreição
O assessor de imprensa João foi o primeiro a se encontrar com Cristo. Segundo ele, quando o viu caiu “a seus pés como morto”. Porém, “ele pôs a mão sobre mim dizendo: ‘não temas. Eu sou o primeiro e o último”, afirma o Apóstolo referindo-se a ocasião em que foi socorrido durante uma crise de hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue).

Após o ocorrido, Pedro notificou o retorno divino, sendo nomeado para a pasta de assessoria de imprensa, antes ocupada por Moisés. A oposição, liderada por Judas Iscariotes (Terra/Purgatório), move uma ação acusando Cristo de nepotismo. Cristo se defende, dizendo que é impossível distribuir cargos de confiança sem cometer tal improbidade, uma vez que todos são filhos de Deus.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Parlamentares brasileiros são os mais caros do mundo

É sempre bom lembrar!

Não compre um carro agora, chegou o ‘Kit Alongando’!

(Baseado num e-mail verídico)

A futilidade humana parece não ter fronteiras e a ignorância segue empatada neste índice de idiotice. PARE! NÃO COMPRE UM CARRO AGORA, ALONGUE SEU PÊNIS E OBTERÁ OS MESMOS RESULTADOS SEXUAIS. RESULTADOS GARANTIDOS. PUBLICIDADE FALSA PARA ASSEGURAR LUCROS REAIS.

            Entra o depoimento:

“Há mais ou menos 40 dias eu recebi essa mensagem em meu email... achei que era mais uma dessas propagandas... mas como o valor não era muito resolvi arriscar e comprei o kit, comecei a usar e para minha surpresa hoje eu constatei um aumento de 4 cm cerca de 1 cm a cada 10 dias... ele é muito bom, funciona mesmo... sem falar nos brindes... que são um espetáculo a parte...”

É ISSO MESMO, NA COMPRA DE UM ALONGADOR PENIANO VOCÊ LEVA ‘BRINDES MISTERIOSOS’ PARA INTENSIFICAR AINDA MAIS SEU DESEMPENHO SEXUAL.

Entra insert desmotivador.

VOCÊ ESTÁ CANSADO DAS MULHERES RIREM DO SEU PINTINHO ?(insert de homem nu rodeado de piriguetes que caçoam de seus atributos). SEUS AMIGOS ZOMBAM DE VOCÊ NO VESTIÁRIO DA ACADEMIA? (Cena de homens chacoteando o companheiro que, cabisbaixo, abandona o ambiente. Os amigos utilizam os dedos – polegar e indicador – para demonstrar o tamanho do órgão sexual do colega, enquanto riem a valer). CHEGA DE SE PREOCUPAR!

Entra descrição do produto.

Entra depoimento.

“Após muitas pesquisas feitas usei por um mês o Kit Alongando, não acreditei no resultado que tive, nem sei se podia estar te falando isso mas meu pênis aumentou cerca de 3 cm, quando comprei o kit pelo site alongando. Minha esposa ainda tirou sarro de mim, mas eu sempre tive muita vergonha do meu tamanho, mesmo assim resolvi comprar, para mim funcionou então me sinto na obrigação de divulgar esse produto”.  

Acesse agora o site alongando.com e adquira o Kit Alongando.

FELIZ E PINTUDO! É ASSIM QUE A VIDA DEVE SER!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Delírio em debate entre candidatos à Prefeitura andreense


Um debate morno cujo fundamento foi o ataque ao mais provável vencedor das eleições andreenses, o atual prefeito Aidan Ravin (PTB). “O Gordo”, como é alcunhado em momentos de descontração de seus opositores e de lucidez dos eleitores, não compareceu. Mas isso já era de se esperar! Por que entrar na piscina das lontras selvagens e ser estraçalhado frente ao público se você pode simplesmente sentar no sofá e esperar os desinformados voltarem às urnas em outubro? Ops! Peço desculpas, pois cometi uma injustiça: Aidan não está parado, está em campanha – inclusive em horário de expediente, dada uma muito obscura queda no banheiro que lhe quebrou o braço direito impedindo-o de despachar em seu gabinete (supostamente o prefeito é destro!).
Mas a tática do sumiço não é exclusividade de Santo André. Consta no “Manual do Candidato Quase lá”, que adverte, sob pena de perder o direito de brincar no quintal e assistir TV, que quando se está na frente nas pesquisas, o lugar de ficar entre a multidão é atrás. Luiz Marinho (PT), candidato em São Bernardo, também segue o ritual. (vitória certa, já comprou inclusive uma nova escuna na qual pretende viajar para a Bahamas após a festa da posse – cujo coquetel já está contratado e, comenta-se nos corredores, terá Lula no menu).
Mas estávamos falando do debate, caceta! Pois é... É realmente vergonhoso assistir tantos sonhos sendo relatados sem base alguma na realidade. Platão aplaudia efusivamente, da plateia, a cada nova proposta. “Teremos totens espalhados pela cidade nos quais o munícipe poderá marcar consultas médicas, escolhendo o horário e o local”; Platão, que sentado ao meu lado incomodava-me com o cotovelo, assobiava com o dedo entre os lábios, gritando em seguida: “Boa Fláquer (PRTB)! Boa!”.
Uma fileira à frente, Comênio tomava nota sem parar – dizia estar escrevendo um artigo para “Didactica Magna”; perdi o interesse na conversa quando vi uma baba presa em seu bigode. Mas antes do início do debate pude flagrá-lo, no banheiro, conversando com Raimundo Salles (PDT). “Aposta na educação. É batata!”, aconselhava. E não deu outra. Ao que parece a Fundação Santo André deixará de ser uma vergonha municipal para tornar-se nacional.
Na primeira fila, na terceira cadeira da esquerda para a direita, Hipócrates gesticulava sem parar, na tentativa frustrada de orquestrar Nilson Bonome (PMDB). “Construiremos um hospital no bairro Bangu”, dizia o candidato. Hipócrates frustrava-se enquanto tentava convencer Bonome a fazer seu famoso juramento frente às câmeras. O prefeiturável fingiu não ver.
Carlos Grana (PT), preocupadíssimo em deixar claro que o grande problema da cidade era a inexistência de competência da atual gestão, atrapalhava-se quando tentava anotar algo em seu bloquinho ilustrado do PT – por mais que arriscasse escrever com a esquerda, era a mão direita que lhe dava fluência.
Entretanto, aqui não posso deixar de registrar a presença de um senhorzinho de longas barbas, em trajes nitidamente alemães, sentado ao fundo do salão e segurando, firmemente contra o peito, um caderninho vermelho. Ele parecia muito interessado nas palavras do candidato Marcelo Reina (Psol). Ouvia atentamente e, em raras ocasiões, transparecia um ar satisfeito. Mas isso foi efêmero, na maior parte do tempo meneava negativamente a cabeça e repetia para si mesmo: “Não foi isso que eu quis dizer! Não foi isso...”