Em
1983, no Brasil, surgia a Lei de Segurança Nacional. General João Figueiredo
governava. Em 19 de outubro deste mesmo ano, o pomposo Figueiredo
determina, pelo Decreto n.º 88.888, o estabelecimento de medidas emergenciais
na área do Distrito Federal e nos dez municípios goianos mais
próximos. Pelo decreto, nos dias em que vigorassem as medidas de emergência, o
exército assumiria o controle da segurança pública, garantiria a vigência da proibição às manifestações de rua, patrulharia os aeroportos e todas as vias de
acesso ao Distrito Federal. As rádios e as TVs também ficariam impedidas de
transmitir ao vivo a sessão da Câmara em que ficaria apreciada a emenda das
Diretas Já!
Ainda em 1983 tomam
posse os primeiros 22 governadores eleitos diretamente após golpe militar de 1964. É criada a
Central Única dos Trabalhadores (CUT) e nasce Fernando. Mas quem diabos é Fernando?
Bem, caríssimos
leitores, Fernando é um idiota. Mais um, dentre tantos que estão nas ruas do
país. Fernando defende a volta do militarismo tupiniquim e estava presente na
manifestação da última quarta-feira (26), na Avenida Paulista, em São Paulo.
Fernando é só Fernando,
sem sobrenome, pois tem medo de retaliações Ele, inclusive, se apresenta
mascarado, pelo mesmo motivo covarde.
“A gente não mostra a cara porque nossas exigências são radicais”, disse em
entrevista concedida à Folhapress.
Engraçado
pensar que Fernando não viveu a Ditadura Militar. Ele não foi perseguido, não
foi espancado, não foi torturado ou extraditado. É só um imbecilzinho que ouviu conversas do papai com os titios, sobre os
“drogados e hippies que hoje comandam
o país”. “Uma balburdia”, dizem eles.
“Bom mesmo era na Ditadura! Esse País tinha ordem”, complementam e Fernandinho
brilha os olhos.
Mas nem só de
ignorância dialética vive o movimento que abraça os milicas. “Na frente do Parque Trianon, a aposentada Elis
Regina Nogueira, 48 anos, estava perdida. Veio de Ribeirão Preto, no interior
do Estado, para uma manifestação marcada pelo Facebook para às 17h em prol da
tomada de poder pelas Forças Armadas, mas não encontrou ninguém. ‘O pessoal em
São Paulo é meio atrasado, né?’”, relatou a homônima da cantora Brasileira (que
deve se revirar no caixão frente à xará) também para a Folha. Mas quem é
realmente atrasado por aqui, hein dona Elis?
Elis
nasceu um ano após o golpe. Tinha 19 anos quando a ditadura “acabou” e,
portanto, pressupõem-se, deveria ter formado senso crítico suficiente para
perceber que aquilo tudo foi uma grande cagada.
Mas não! A pobre ainda não limpou a bunda!
O
teor fecal se aplica também ao patriotismo antipartidário que se dissemina aos
quatro ventos. No portal R7, da Rede Record de Televisão (propriedade do
nefasto bispo Macedo), uma notícia aponta a excrescência ignorante. “Manifestantes são contra ‘qualquer
bandeira’ fora a brasileira em protestos”, assinala a reportagem.
Para a ativista Carla Zambelli – outra
demente – “os atos são contra a corrupção” e “o tema das tarifas era muito
‘restrito’”.
Carla arremata com presteza de um
arqueiro cego com Parkinson, afirmando que “não existe direita e esquerda, mas
o que é bom e o que é ruim”.
E bom é o que? – nos perguntamos.
Ela responde: “Talvez eles (grupos que
defendem o militarismo) estejam certos em dizer que Forças Armadas tenham de
tomar conta. A gente quer que os fichas-sujas saiam do Senado e do Congresso.
Mas como tirá-los? Não há demissão. Então a Comissão de Ética tem de entrar, ou
as Forças Armadas tirá-los dali. Mas eu acho que não precisa ser as Forças
Armadas, pode ser o próprio povo”, conclui, com a certeza e a confiança de um
furão que tenta empreender a construção de uma pirâmide.
Mas os problemas não se encerram nesses
estúpidos isolados. “No feriado de 1º de maio, o instituto de pesquisa
Datafolha divulgou uma pesquisa, restrita à capital paulista, para conferir se
os paulistanos apoiariam a implantação de uma ditadura no Brasil. (o número de
entrevistados não foi divulgado).
Os resultados foram: “53% dos
entrevistados disserem concordar com a afirmação: ‘democracia é sempre melhor
do que qualquer outra forma de governo’”. Outros 19% escolheram: ‘em certas
circunstâncias, é melhor uma ditadura do que um regime democrático’.
“Tanto faz se o governo é uma democracia
ou uma ditadura” foi a escolha de 20% . “Os 8% restantes se dividem entre quem
se declarou explicitamente favorável a uma ditadura e os que respondem ‘não
sei’”.
“Em verdade, a história
só surpreende aos que de história nada entendem”, já dizia um pensador que
deveria ser mais lido nos dias de hoje. E os fatos apontam que, nem a
experiência prática (falha) das pessoas tem se mostrado mais contundente que o
conhecimento histórico – que, todavia, falta à maioria.