terça-feira, 18 de junho de 2013

Quanta beleza cabe num protesto?

Hoje o Brasil despertou azulado. Tive a oportunidade de acompanhar o protesto que saiu de Santo André e seguiu até a manifestação na Avenida Paulista e uma coisa é necessária ser dita: realmente não houve em momento algum qualquer tipo de violência.

Na tão regulada Paulista os manifestantes marcharam sorridentes. Cantavam o Hino Nacional assistidos por imóveis agentes policiais que, encostados nas paredes, eram apenas coadjuvantes – perigosos figurantes – do ato de protesto.

A situação era tão democrática que eu não duvidaria se, de repente, as pessoas começassem a vomitar em verde amarelo. Era praticamente um Réveillon – com um saldo de vítimas muito menor.

Por todos os lados as autoridades se colocam, agora, a favor dos protestos – exceto o foco deles, é claro. Lula, Dilma, Fernando Henrique... Todo mundo acha uma beleza. Inclusive, “lindo” foi a palavra que mais vi nas descrições do protesto realizadas nas redes sociais. “Foi Lindo!!!”, repetiam. Não sei se um protesto deve ser lindo. É pagar para ver no que vai dar. Não fico muito otimista. O sangue ainda atrai mais adeptos e temo que a ausência dele termine por dispersar o grupo – mas estou falando somente de SP e não sou favorável ao derramamento de sangue, não dos manifestantes.

É fato que na sociedade do espetáculo o que não dá ibope também não dá resultado. Prova disso é a aderência em massa de pessoas para o movimento após o apoio – oportuno, frente aos ataques sofridos por profissionais – da grande imprensa. “O Povo acooordou!” e o despertador foi os tiros de borracha que acertaram jornalistas.

Toda beleza, agora, deve ser pesada frente aos resultados. Muito se diz sobre a incrível “onda de protestos”. A maior desde 1992, quando “o povo” exigiu o impechment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Só não esqueçam: o alvo da luta de ontem, é o senador de hoje. A manifestação popular não deve ser uma prática isolada no tempo. Um gigante que desperta. Mas sim, uma ação tão comum quanto a cerveja do fim do expediente.

Enquanto o povo gritava: “você aí parado, também é explorado”, os explorados, parados, ainda não tinham certeza se trocavam o aconchego da exploração dos outros pelo desconforto de sair de casa. Eles ainda não sabem de nada!

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