Hoje
o Brasil despertou azulado. Tive a oportunidade de acompanhar o protesto que
saiu de Santo André e seguiu até a manifestação na Avenida Paulista e uma coisa
é necessária ser dita: realmente não houve em momento algum qualquer tipo de
violência.
Na
tão regulada Paulista os manifestantes marcharam sorridentes. Cantavam o Hino
Nacional assistidos por imóveis agentes policiais que, encostados nas paredes,
eram apenas coadjuvantes – perigosos figurantes – do ato de protesto.
A
situação era tão democrática que eu não duvidaria se, de repente, as pessoas
começassem a vomitar em verde amarelo. Era praticamente um Réveillon – com um
saldo de vítimas muito menor.
Por
todos os lados as autoridades se colocam, agora, a favor dos protestos – exceto
o foco deles, é claro. Lula, Dilma, Fernando Henrique... Todo mundo acha uma
beleza. Inclusive, “lindo” foi a palavra que mais vi nas descrições do protesto
realizadas nas redes sociais. “Foi Lindo!!!”, repetiam. Não sei se um protesto
deve ser lindo. É pagar para ver no que vai dar. Não fico muito otimista. O
sangue ainda atrai mais adeptos e temo que a ausência dele termine por
dispersar o grupo – mas estou falando somente de SP e não sou favorável ao derramamento de sangue, não dos manifestantes.
É
fato que na sociedade do espetáculo o que não dá ibope também não dá resultado.
Prova disso é a aderência em massa de pessoas para o movimento após o apoio –
oportuno, frente aos ataques sofridos por profissionais – da grande imprensa. “O
Povo acooordou!” e o despertador foi os tiros de borracha que acertaram
jornalistas.
Toda
beleza, agora, deve ser pesada frente aos resultados. Muito se diz sobre a
incrível “onda de protestos”. A maior desde 1992, quando “o povo” exigiu o impechment
do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Só não esqueçam: o alvo da luta de
ontem, é o senador de hoje. A manifestação popular não deve ser uma prática
isolada no tempo. Um gigante que desperta. Mas sim, uma ação tão comum quanto a
cerveja do fim do expediente.
Enquanto
o povo gritava: “você aí parado, também é explorado”, os explorados, parados,
ainda não tinham certeza se trocavam o aconchego da exploração dos outros
pelo desconforto de sair de casa. Eles ainda não sabem de nada!
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