Em meio a todos os problemas políticos
vivenciados em nosso país, uma pergunta é providencial: necessitamos de mais
partidos políticos? A Rede de Sustentabilidade, partido em vias de
legalizar-se, cuja frente tem o rosto estampado de Marina Silva, vinda do
Partido Verde, deixa um cheiro de oportunismo no ar. Diante da atual onde de
protestos, a #Rede se auto-intitula como “instrumento partidário para colocar em
prática uma nova política sonhada nas ruas, no trabalho, nas escolas e no
coração de cada brasileiro”.
Para os que minimamente acompanharam as
manifestações, ficou claro que os partidos políticos não eram bem vindos ali –
fato deplorável que só demonstra o quão obtuso é o ideário popular (ainda mais
quando manipulado pela mídia corporativista). E está aí o oportunismo. Em
nenhum momento colocou-se, nas manifestações, a extinção da política. O estado
ainda era o local no qual as problemáticas sociais se resolveriam e, na figura
dos governantes, ainda encontraríamos uma rédea
ideal para guiar nossos desorientados cascos.
Vem, então, a #Rede. Portador da “nova
política”, um partido oriundo “de cidadãos e cidadãs que desejam ampliar a
participação direta da sociedade nas decisões públicas e mudar o caráter e
alcance da ação política para sintonizá-la com as demandas nacionais e com os
desafios das crises globais que clamam por respostas urgentes”, diz anúncio
oficial.
Mas, pergunta este humilde
escrevinhador, como, dentro dos limites do governo representativo, um partido
pode “ampliar a participação direta da sociedade nas decisões públicas” se a
condição para a manteneção do sistema
representativo é exatamente preservar os interesses da minoria em detrimento à
maioria?
Está duvidando? Pois então veja se, em
algum momento, frente às manifestações, algum político sequer considerou a
possibilidade de reduzir o ganho dos empresários dos transportes. A redução
sairá de nosso bolso, do bolso dos que trabalham e geram a riqueza da
sociedade, como tudo nesse mundo.
E lá vem a #Rede! Eles estão quase lá,
com 550 mil adesões online – diz o comunicado oficial. Mas a Justiça Eleitoral
não aceita isso – ainda bem – e exige 491.656 adesões físicas. É tinta no
papel. A Rede de Sustentabilidade comemora com um lamento: “conseguimos superar
de modo tão surpreendente, em prazo tão curto, o anacronismo que exige, em
plena era digital, aproximadamente meio milhão de assinaturas em fichas de
papel para legalização de um partido (...) Até o momento, das fichas que
encaminhamos à justiça eleitoral, obtivemos 102.000 certificações e já
superamos o mínimo de assinaturas válidas exigido em pelo menos nove unidades
da federação”.
Pois é, amigo leitor, Marina Silva, com
sua tarrafa travestida de rede, está
pescando muitos peixes. Estão, inclusive, dando um jeito de legalizar as
adesões online. Não há dúvida de que conseguirão.
Pedem, eles da #Rede, que os cartórios
sejam rápidos. “Temos nos deparado com dificuldades em alguns cartórios eleitorais”,
afirmam.
Batendo com luva de pelica, finalizam: “somo solidários com as
necessidades de melhor aparelhamento da Justiça Eleitoral, mas solicitamos
publicamente a essa instituição uma atenção especial ao prazo legal de 15 dias
para que os cartórios procedam à certificação das declarações de apoio à
legalização partidária. O cumprimento deste prazo legal é imprescindível para
que a Rede Sustentabilidade possa obter o registro partidário a tempo de se
apresentar como alternativa eleitoral em 2014”.
É, o ano que vem promete! (ser uma desgraça
política maior ainda).