terça-feira, 23 de julho de 2013

Marina Silva joga a tarrafa para viabilizar a rede

Em meio a todos os problemas políticos vivenciados em nosso país, uma pergunta é providencial: necessitamos de mais partidos políticos? A Rede de Sustentabilidade, partido em vias de legalizar-se, cuja frente tem o rosto estampado de Marina Silva, vinda do Partido Verde, deixa um cheiro de oportunismo no ar. Diante da atual onde de protestos, a #Rede se auto-intitula como “instrumento partidário para colocar em prática uma nova política sonhada nas ruas, no trabalho, nas escolas e no coração de cada brasileiro”.


Para os que minimamente acompanharam as manifestações, ficou claro que os partidos políticos não eram bem vindos ali – fato deplorável que só demonstra o quão obtuso é o ideário popular (ainda mais quando manipulado pela mídia corporativista). E está aí o oportunismo. Em nenhum momento colocou-se, nas manifestações, a extinção da política. O estado ainda era o local no qual as problemáticas sociais se resolveriam e, na figura dos governantes, ainda encontraríamos uma rédea ideal para guiar nossos desorientados cascos.

Vem, então, a #Rede. Portador da “nova política”, um partido oriundo “de cidadãos e cidadãs que desejam ampliar a participação direta da sociedade nas decisões públicas e mudar o caráter e alcance da ação política para sintonizá-la com as demandas nacionais e com os desafios das crises globais que clamam por respostas urgentes”, diz anúncio oficial.

Mas, pergunta este humilde escrevinhador, como, dentro dos limites do governo representativo, um partido pode “ampliar a participação direta da sociedade nas decisões públicas” se a condição para a manteneção do sistema representativo é exatamente preservar os interesses da minoria em detrimento à maioria?

Está duvidando? Pois então veja se, em algum momento, frente às manifestações, algum político sequer considerou a possibilidade de reduzir o ganho dos empresários dos transportes. A redução sairá de nosso bolso, do bolso dos que trabalham e geram a riqueza da sociedade, como tudo nesse mundo.

E lá vem a #Rede! Eles estão quase lá, com 550 mil adesões online – diz o comunicado oficial. Mas a Justiça Eleitoral não aceita isso – ainda bem – e exige 491.656 adesões físicas. É tinta no papel. A Rede de Sustentabilidade comemora com um lamento: “conseguimos superar de modo tão surpreendente, em prazo tão curto, o anacronismo que exige, em plena era digital, aproximadamente meio milhão de assinaturas em fichas de papel para legalização de um partido (...) Até o momento, das fichas que encaminhamos à justiça eleitoral, obtivemos 102.000 certificações e já superamos o mínimo de assinaturas válidas exigido em pelo menos nove unidades da federação”.

Pois é, amigo leitor, Marina Silva, com sua tarrafa travestida de rede, está pescando muitos peixes. Estão, inclusive, dando um jeito de legalizar as adesões online. Não há dúvida de que conseguirão.

Pedem, eles da #Rede, que os cartórios sejam rápidos. “Temos nos deparado com dificuldades em alguns cartórios eleitorais”, afirmam. 

Batendo com luva de pelica, finalizam: “somo solidários com as necessidades de melhor aparelhamento da Justiça Eleitoral, mas solicitamos publicamente a essa instituição uma atenção especial ao prazo legal de 15 dias para que os cartórios procedam à certificação das declarações de apoio à legalização partidária. O cumprimento deste prazo legal é imprescindível para que a Rede Sustentabilidade possa obter o registro partidário a tempo de se apresentar como alternativa eleitoral em 2014”.

É, o ano que vem promete! (ser uma desgraça política maior ainda).

Nenhum comentário:

Postar um comentário