sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Crimes sem resposta - publicado na edição de hoje do jornal Ponto Final

Ricardo Ferreira Gama 
Os sucessivos casos envolvendo a força policial militar, passando pelo escabroso – e suposto – caso no qual uma criança de 13 anos assassina quatro pessoas da própria família de maneira premeditada e meticulosa, levanta uma questão: a polícia é competente – e responsável – o suficiente para deter tamanho poder? Os agentes da PM têm aporte psicológico e estrutural para representar, em suas figuras, o poderio do Estado e aplicar suas leis?

Cada vez mais a realidade tem apontado que não, e os abusos têm se ampliado em ascensão astronômica.

O caso da família morta, cuja manchete não poderia ser mais eficiente na mídia (Menino de 13 anos matou os pais e foi à escola), é só a bola da vez. Já aparecem relatos de uma suposta ação da mãe policial contra colegas corruptos, ladrões de caixas eletrônicos. Neste caso, é esperar para ver.

Mas como dito, isso é só a bola da vez, o crime do momento.

O relato a seguir foi encaminhado ao Ponto Final pelo Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em nota pela qual se posicionam em relação aos fatos seguintes. Cabe ao leitor tirar as próprias conclusões.

“Na quarta-feira, 31 de julho, Ricardo Ferreira Gama após responder a uma ofensa feita a ele por policiais, foi agredido pelos mesmos, na Rua Silva Jardim, Baixada Santista. Ricardo foi detido e levado. Questionados, os agentes da polícia disseram aos colegas do ‘infrator’ que o levariam ao 1° DP da cidade. Os amigos seguiram, então, para ao local.

“Lá chegando, o grupo formado por estudantes da Unifesp foi informado de que Ricardo fora levado ao 4º DP. E no 4º DP, que ele estaria na Santa Casa. Um labirinto de informações desencontradas se formava.

“Saídos da Santa Casa, onde realmente estavam os policias e Ricardo – soube-se depois –, os alunos foram avisados pelos próprios policias ‘agressores’ de que o rapaz tinha sido liberado. Tudo estava resolvido e Ricardo não teria feito Boletim de Ocorrência (B.O.), pois ‘admitiu’ não ter sido agredido.

“Um dos estudantes, na ocasião, quis ele próprio abrir um B.O. Foi prontamente intimado pelos policiais. Assustados, os estudantes foram embora.

“Chegando à Unifesp, local onde Ricardo trabalhava como funcionário terceirizado, os estudantes o encontram preocupado. Ele declara ter sido procurado em sua casa pelos policiais, que lhe disseram que se os estudantes não parassem de ir à delegacia, eles ‘resolveriam de outro jeito’.

“Um dia após o ocorrido, à noite, viaturas com homens não fardados rondavam a universidade. Pessoas também chegaram a ir pessoalmente pedir a funcionários vídeos que estudantes teriam feito da agressão, declarando que a falta de colaboração ‘seria pior’.


“Na madrugada de quinta para sexta-feira (2), quatro homens encapuzados deflagraram oito tiros em Ricardo, defronte à sua casa. O funcionário não resistiu aos ferimentos”.

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