segunda-feira, 15 de julho de 2013

Dia do Rock em Santo André - jornalistas são impedidos de trabalhar

Não sei por que – na verdade sei, mas não vou contar – cargas d água a Secretaria de Cultura de Santo André possui uma assessoria de imprensa independente. Raimundo Salles, o chefão, deve estar orgulhoso de sua autonomia (talvez por isso faça acordos com a mídia ao bel prazer de suas necessidades individuais). Mas os lobbys  políticos desses sanguessugas do poder público pouco me importam. Fico puto quando me impedem de trabalhar e, assim, de me divertir.

Quando o jornalista chegou ao estacionamento do Paço Municipal neste sábado (13), Dia Mundial do Rock, prontamente seguiu para a área do palco buscando informações sobre o credenciamento de imprensa. Na ausência de alguém informado na entrada, passou direto pelo gradil e seguiu aos bastidores. Não demorou, um segurança gigantesco apareceu. “Você precisa da pulseira”, disse. O jornalista encontra um dos assessores, que confere seu nome na lista – o primeiro, por sinal - entrega uma pulseira rosa.

Feliz, o jornalista segue para os bastidores e rapidamente identifica uma farta quantidade de cerveja, disposta num isopor. Pega uma e sai, para acompanhar os shows junto ao público.

Mas parece que aquilo incomodou a organização – acho que a Rádio 89 é extremamente individualista com seu álcool, na mesma medida que a secretaria de comunicação é egoísta com seus crachás. Na segunda vez que o jornalista se aproxima do isopor, o rapaz responsável  olha torto, ainda que não impedisse a coleta.

O jornalista segue e encontra o Dr. Rock, um apresentador que nem é médico, mas se veste como tal e é bem simpático, pode-se dizer. Conversavam quando o gigante retornou. “Você não pode ficar aqui!”, determinou.

O resto do tempo foi uma busca epopeica pela lendária credencial amarela, que dava acesso aos bastidores, ao isopor e às bandas. “Sobre o que diabos você espera que eu escreva aqui, na frente do palco? Sobre a surdez que terei pela manhã”, indaga o jornalista a um perdido – com olhar desolado – assessor de imprensa. “Se eu quiser mijar, você espera que eu abandone meu trabalho e siga até os banheiros químicos, com uma fila de 40% do público geral? Tem gente chegando e já pegando a fila, projetando a necessidade fisiológica”, completa o profissional. O assessor não responde, está alucinado com o número de problemas que lhe chega. Inexperiente, deixa a cargo do destino a resolução dos mesmos.

“Quer saber, vocês que se fodam!”, assinala o jornalista dando as costas ao evento, voltando à multidão.


Pois bem, leitores, está aí: Mais um exemplo de monopólio midiático. Só a 89 pôde entrevistar as bandas. Só a 89 bebeu cerveja do isopor. E só a Secretaria de Comunicação colheu frutos, na figura de seu líder, pois, aos pobres assessores, restou apenas trabalho e insatisfação - de ambas as partes.

5 comentários:

  1. Quando eu ouvi "o secretário de Cultura, Salles" quase caí pra trás!

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  2. A única coisa q identifiquei aí foi a falta total de profissionalismo do jornalista. Primeiro o senhor em questão, sem a mínima paciência, fura o credenciamento só pq não achou o responsável (então é só pegar um bloquinho de anotações e uma caneta e todos já sabem q vc é repórter). Depois, o mesmo que deveria estar lá para trabalhar e não para curtir o show, ficou mais preocupado em tomar cerveja de graça, do que se encarregar de cobrir o evento. Se o amigo "jornalista" tivesse se empenhado em sua função em vez de sua diversão, com certeza teria conseguido credencial amarela e teria executado seu trabalho do modo como deve ser feito.

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    1. O meu método de trabalho compete somente a mim, Fabiano, de maneira que não sou apegado a manuais, "amigo" "jornalista". Se bebo enquanto trabalho - em trabalhos específicos -, é por que sou de uma escola menos hipócrita. O que você define como profissionalismo, chamo de peleguismo midiático. Caso não tenha lido com a atenção necessária, o jornalista estava devidamente credenciado - inclusive identificado com crachá. O formato de credenciamento de imprensa - foco da crítica - é que impedia o acesso aos bastidores - problema pelo qual todos os veículos passaram e, portanto, nem a sobriedade nem o seu dito "profissionalismo" seriam suficiente para a aquisição da credencial amarela.

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