terça-feira, 1 de outubro de 2013

A besta antimarxista está à solta - resposta a um blog da Veja

Rodrigo Constantino e seu livro "Privatize Já"
Eis que um liberal da revista Veja decidiu montar um espaço para descer o cacete nos marxistas, no Marx e no marxismo. Um post chamou a atenção pela imbecilidade do conteúdo (http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/socialismo/aluno-se-nega-a-fazer-trabalho-sobre-marx/): um aluno, de nome João Victor Gasparino da Silva, estudante do curso de Relações Internacionais da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), se recusa a fazer um trabalho sobre Marx. Ao invés do estudo, entrega ao professor um “manifesto” (torto tanto em estrutura quanto em conteúdo) para justificar a própria ignorância e afirmar que a instituição busca doutriná-lo, utilizando professores comunistas maléficos.


Pior do que isso, o caso ganha repercussão e o dito liberal, chamado Rodrigo Constantino, resolve divulgar o caso. Fez sucesso entre a burguesada (e os infantilóides que os ostenta).

Os comentários deste que escreve foram sumariamente recusados (à exceção de um, que deu margem a uma resposta escabrosa, de um tal Flavio!).

Segue aqui a resposta dada pelo Cafife ao suposto ser-pensante – de nome Flavio – por intermédio dos comentário do blog de outro suposto ser-pensante, o Sr. Rodrigo Constantino.
(O texto do Flavio está ao fim do meu escrito)

A resposta:
É muito característico, Flávio, o ideário liberal segundo o qual a classe trabalhadora se beneficia por intermédio da atividade capitalista. Contudo, quem se beneficia mais largamente dessa atividade?
Você diz, por intermédio de Mises, que “o progresso do capitalismo não empobrece os assalariados de modo crescente; ao contrário, melhora seu padrão de vida”.  Mises não deve ter andado de transporte público! Trabalhado num chão de fábrica! Comido marmita... Pois, se o tivesse feito – ou ao menos buscado compreender – veria o imenso avanço que o capitalismo trouxe: Medidas paliativas para justificar o acúmulo excedente do valor produzido pelo trabalho proletário.

“Por que as massas seriam inevitavelmente induzidas a se revoltarem quando se sabe que elas estão tendo acesso a mais e melhores alimentos, habitações e vestuários, carros e geladeiras, rádios e aparelhos de televisão, nylon e outros produtos sintéticos?…”. Pelo motivo simples de que a ideologia dominante é, invariavelmente, a da classe dominante. A falácia vendida ao povo é a de que este é o fim da história, o ápice da humanidade. Os problemas serão resolvidos gradualmente, dizem os liberais, inflando o bolo para dividi-lo – a gula liberal, entretanto, deixa somente migalhas.

Os liberais afirmam que a miséria se reduzira à medida do crescimento do capital. Somente se esquecem de que a base do capital é o pauperismo. Sem a exploração do trabalho, não há capitalismo. E se isso é evolução, pergunto: evolução de quem? Do gênero humano? Ou dos liberais?

A vida somente pode ser embasada num fundamento básico: “de cada um, segundo sua possibilidade, para cada um, segundo sua necessidade”. Sem isso, a igualdade é falha – e, antes de ser igualdade, é sempre exploração.

Mas, parabéns liberais! Vocês estão na crista da onda desde a revolução francesa, ainda se gabando do Sonho Americano. As crises financeiras, claro – dirão os liberais – são culpa dos inadimplentes, desocupados, hippies que deveriam colocar gravata e trabalhar, pois são vagabundos. O sistema é inabalável. Perfeito! Os descontentes são “ratos” (como eloquentemente o colunista apontou em seu post relacionado ao Che Guevara tomando Coca-Cola - http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/comunismo-2/o-rato-na-coca-cola/).

Mas o nível de existência de vocês, liberais, remete mais fielmente a um roedor: o hamster, cujo nome vem da palavra alemã "hamstern" que significa "acumular" ou "armazenar" - uma referência ao que este mamífero faz com a comida. Isso lembra os liberais. Enchendo as bochechas com o fruto de nosso trabalho para, mais tarde, regurgitar a parcela mínima nas classes subalternas, esperando, ainda, a ovação cega dos que, para eles, não são “ratos”, pois lhe servem como “ovelhas”.

  
A Besta Fala:
Flavio - 30/09/2013 às 22:15

Constantino, um pouco de Mises pro Eduardo Kaze 08:31 pensar:

“Marx nunca embarcou na impossível tarefa de refutar a descrição feita pelos economistas do funcionamento da economia de mercado. Ao invés disso, sua ânsia era mostrar que o capitalismo iria, no futuro, levar a condições bastante desagradáveis. Ele tentou demonstrar que a operação do capitalismo inevitavelmente iria resultar, de um lado, na concentração de riqueza nas mãos de um número cada vez menor de capitalistas, e, de outro, no progressivo empobrecimento de uma imensa maioria.

Na execução dessa tarefa, ele iniciou seu raciocínio pela espúria ‘lei de ferro dos salários’ — de acordo com a qual o salário médio é aquela quantidade específica dos meios de subsistência absolutamente necessários para permitir, de maneira escassa, que o trabalhador possa sobreviver e criar sua prole. Essa suposta lei já foi, desde então, inteiramente desacreditada, e até mesmo os mais fanáticos marxistas já a abandonaram. Porém, mesmo que alguém estivesse disposto, pelo bem da argumentação, a dizer que tal lei é correta, é óbvio que ela não poderia de maneira alguma servir como base para uma demonstração de que a evolução do capitalismo leva ao empobrecimento progressivo dos assalariados.


Se, sob o capitalismo, os salários são sempre tão baixos a ponto de, por razões psicológicas, não poderem cair ainda mais sem que isso extermine toda a classe de assalariados, é impossível manter a tese apresentada pelo Manifesto Comunista de que o trabalhador “se afunda mais e mais” com o progresso da indústria. Como todos os outros argumentos de Marx, essa demonstração é contraditória e autodestrutiva. Marx jactava-se de ter descoberto as leis imanentes da evolução capitalista. A mais importante dessas leis, segundo ele próprio, era a lei do empobrecimento progressivo das massas assalariadas. É o funcionamento dessa lei que ocasionaria o colapso final do capitalismo e a emergência do socialismo. Quando essa lei for entendida como totalmente espúria, as bases tanto do sistema econômico de Marx quanto de sua teoria da evolução capitalista estarão acabadas.

Incidentalmente, temos de compreender o fato de que, desde a publicação do Manifesto Comunista e do primeiro volume de O Capital, o padrão de vida dos assalariados, nos países capitalistas, aumentou de uma forma sem precedentes e até mesmo inimaginável. Marx deturpou a operação do sistema capitalista em todos os aspectos possíveis.

O corolário do suposto empobrecimento progressivo dos assalariados é a concentração de todas as riquezas nas mãos de uma classe de exploradores capitalistas que existem em números continuamente decrescentes. Ao lidar com essa questão, Marx foi incapaz de levar em consideração o fato de que a evolução das grandes empresas e suas unidades comerciais não necessariamente envolve a concentração de riqueza em poucas mãos. As grandes empresas são, quase que sem exceção, corporações — precisamente porque elas são grandes demais para que poucos indivíduos sejam inteiramente os proprietários delas. O crescimento das unidades comerciais ultrapassou em muito o crescimento das fortunas individuais. Os ativos de uma corporação não são idênticos à riqueza de seus acionistas. Uma parte considerável desses ativos, o equivalente a ações preferenciais, títulos corporativos emitidos e empréstimos levantados, pertence virtualmente, senão no sentido do conceito legal de propriedade, a outras pessoas — a saber, os donos dos títulos, das ações preferenciais e os credores das dívidas. Onde essas ações e obrigações são mantidas por bancos e companhias de seguro, e esses empréstimos foram concedidos por esses bancos e companhias, os virtuais proprietários são as pessoas clientes dessas instituições. Da mesma forma, as ações ordinárias de uma corporação não estão, via de regra, concentradas nas mãos de um homem. Quanto maior a corporação, mais amplamente distribuídas estão suas ações.


O capitalismo é essencialmente produção em massa para satisfazer as necessidades das massas. Mas Marx sempre trabalhou com o conceito enganoso de que os trabalhadores labutam arduamente apenas para o benefício da uma classe superior de parasitas ociosos. Ele não percebeu que os próprios trabalhadores consomem, de longe, a maior parte de todos os bens de consumo produzidos. Os milionários consomem uma porção quase que insignificante daquilo que é chamado de produto nacional. Todas as sucursais das grandes empresas provêem direta ou indiretamente às necessidades do cidadão comum. As indústrias de luxo nunca se desenvolvem além das unidades de pequena ou média escala. A evolução das grandes empresas é, por si só, prova do fato de que as massas, e não os ricaços nababos, são os principais consumidores. Aqueles que lidam com o fenômeno das grandes empresas classificando-o de “concentração do poder econômico” não percebem que o poder econômico pertence ao público consumidor, de cujo consumo depende a prosperidade das fábricas. Na sua capacidade de consumidor, o assalariado é o cliente que “sempre tem razão”. Mas Marx declara que a burguesia “é incompetente em garantir uma existência para seu escravo dentro de sua escravidão”.

Marx deduziu a excelência do socialismo do fato de que a força motora da evolução histórica — as forças materiais produtivas — certamente ocasionará o socialismo. Como ele estava absorto naquele tipo hegeliano de otimismo, não havia qualquer necessidade em sua mente de demonstrar os méritos do socialismo. Era óbvio para ele que o socialismo, sendo a última etapa da história após o fim do capitalismo, era também uma etapa superior. Era uma blasfêmia absoluta duvidar de seus méritos.

O que ainda faltava ser demonstrado era o mecanismo por meio do qual a natureza produziria a transição do capitalismo para o socialismo. O instrumento da natureza é a luta de classes. À medida que os trabalhadores vão se afundando cada vez mais em decorrência do progresso do capitalismo, à medida que sua miséria, opressão, escravidão e degradação aumentam, eles são induzidos à revolta, e sua rebelião estabelece o socialismo.


Toda a cadeia desse raciocínio é despedaçada pela observação do fato de que o progresso do capitalismo não empobrece os assalariados de modo crescente; ao contrário, melhora seu padrão de vida. Por que as massas seriam inevitavelmente induzidas a se revoltarem quando se sabe que elas estão tendo acesso a mais e melhores alimentos, habitações e vestuários, carros e geladeiras, rádios e aparelhos de televisão, nylon e outros produtos sintéticos?…”


Nenhum comentário:

Postar um comentário