Que a revista Veja é uma piada de mau gosto, qualquer
indivíduo pensante sabe. Mas – como já se previa – os moldes impositivos da
dita publicação direitista tomou, nos últimos tempos, proporções bestiais. Eis que um economista, metido a jornalista,
resolveu montar um espaço online voltado a combater o pensamento de esquerda. O
sítio está estabelecido, claro, no portal da Veja. O nome do sujeito, Rodrigo
Constantino. O blog, “analises de um liberal sem medo de polêmica”.
Os textos e os comentários são unilaterais, sem espaço
para contraposições. Os liberais detêm o osso
e não pretendem largá-lo. Taxam o comunismo como criminoso, sem
ao menos ponderar o assunto pela ótica da análise imanente dos textos
relacionados. Afirmam que o marxismo é uma doutrina, sem se darem conta da
doutrina que impõem ao criticá-lo sem chance de defesa.
Como de costume, a burguesia considera-se detentora do
progresso. Os grandes empresários, ao explorar o trabalho alheio, acham-se no
direito de fazê-lo pelo simples fato de possuírem os meios de produção, e,
portanto, serem os únicos com capacidade imediata para atingir o dito
progresso.
É muito característico o ideário liberal segundo o
qual a classe trabalhadora se beneficia por intermédio da atividade
capitalista. Contudo, quem se beneficia mais largamente dessa atividade?
Dizem,os liberais por intermédio de economistas
como Ludwig von Mises, que “o progresso do capitalismo não empobrece os
assalariados de modo crescente; ao contrário, melhora seu padrão de
vida”. Na visão dos trabalhadores, a melhora do padrão de vida só pode
ser compreendida como uma série de medidas paliativas para justificar o acúmulo
excedente do valor produzido pelo trabalho proletário.
“Por que as massas seriam inevitavelmente induzidas
a se revoltarem quando se sabe que elas estão tendo acesso a mais e melhores
alimentos, habitações e vestuários, carros e geladeiras, rádios e aparelhos de
televisão, nylon e outros produtos sintéticos?”. Pelo motivo simples,
respondemos, nós os trabalhadores, de que a ideologia dominante é,
invariavelmente, a ideologia da classe dominante. A falácia vendida ao povo é a
de que este é o fim da história, o ápice da humanidade. Os problemas serão
resolvidos gradualmente, dizem os liberais, inflando o bolo para dividi-lo – a
gula liberal, entretanto, deixa somente migalhas ao proletariado.
Os liberais afirmam que a miséria se reduzirá à
medida do crescimento do capital. Somente se esquecem de que a base do capital
é o pauperismo. Sem a exploração do trabalho, não há capitalismo. E se isso é
evolução, perguntamos: evolução de quem? Do gênero humano? Ou dos liberais e do
capitalismo?
A vida somente pode ser embasada num fundamento
básico: “de cada um, segundo sua possibilidade, para cada um, segundo sua
necessidade”. Sem isso, a igualdade é falha – e, antes de ser igualdade, é
sempre exploração.
Parabéns liberais! Vocês estão na crista da
onda desde a Revolução Francesa, ainda se gabando do Sonho Americano. As crises
financeiras, claro – dirão os liberais –, são culpa dos inadimplentes,
desocupados, hippies que deveriam colocar gravata e trabalhar, pois são
vagabundos. O sistema é inabalável. Perfeito! Os descontentes são “ratos” (como
eloquentemente Constantino apontou em seu post
relacionado ao Che Guevara, pego numa foto bebendo Coca-Cola - http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/comunismo-2/o-rato-na-coca-cola/).
Mas o nível de existência de vocês, liberais, remete
mais fielmente a um roedor: o hamster, cujo nome vem da palavra alemã "hamstern" que significa
"acumular" ou "armazenar" - uma referência ao
que este mamífero faz com a comida. Isso lembra os liberais, que enchem as
bochechas com o fruto de nosso trabalho para, mais tarde, regurgitar a parcela
mínima nas classes subalternas, esperando, ainda, a ovação cega dos que, para
eles, não são “ratos”, pois lhe servem como “ovelhas”.
Ficam aqui as desculpas aos hamsters, muito mais
dóceis que os liberais.
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