O
quadro Proteste Já, transmitido e
produzido pelo programa Custe o Que Custar (CQC), da Rede Bandeirantes, expôs
na última segunda-feira (19) uma realidade gritante do jornalismo regional: o implícito
controle da administração pública sobre os veículos de comunicação. Na
reportagem, o jornalista Oscar Filho vai até o município de Lagoa Santa, em Minas
Gerais, tirar satisfação sobre uma suposta nota oficial da emissora, emitida ao
periódico Jornal Diferente, na qual limpa a barra do prefeito Fernando
Pereira (PSB) e do secretário de Planejamento Urbano, Marco Aurélio Pereira,
acusados, também pelo Proteste Já, respectivamente
de ter dois salários na Prefeitura e de ligação com empresário vencedor de uma
licitação milionária na cidade.
O
jornal, após a exibição da matéria, apresenta aos leitores uma série de
informações, segundo o CQC, inventadas. Insinua, nas linhas assinadas por Elvis
Pereira, jornalista responsável pela reportagem, que o quadro faz parte de uma
articulação política e, ainda, levanta questionamentos quanto à apuração e
transmissão dos dados colhidos. Em outras palavras, o Jornal Diferente afirma
que o CQC puxou sardinha para os
denunciantes e não ouviu a população, e que tudo não passa de uma picuinha de ex-aliados do prefeito, que
resolveram perseguir o antigo chefe.
A
cena transcorre com uma patética perseguição de Oscar a Elvis, que termina numa
delegacia de polícia. Os donos do jornal põem a culpa no jornalista, o
jornalista não sabe o que dizer – entre um argumento falho e outro,
simplesmente empreende a modalidade Forrest
Gump, ou seja, corre.
O
Cafife noticiou, em seu último post (http://cafife.blogspot.com.br/2014/05/bonome-compra-o-diario-do-grande-abc.html),
a compra de uma parcela significativa do jornal Diário do Grande ABC pelo candidato a deputado estadual, Nilson
Bonome. A matéria do CQC revela que os medos elencados pelo Cafife têm embasamento.
O
controle da mídia regional por parte de políticos e empresários está
fundamentado em uma questão simples: sem eles o jornal pequeno não tem grana
para existir. A partir disto, assistimos à ascensão do jornalismo pastel, cuja base é o interesse dos que
anunciam – e o anúncio é a única fonte de renda dos jornais, atualmente.
De
tempo em vez, para bonificar o
anunciante, algum jabacule é
publicado, e os jornais são vistos repletos de matérias estúpidas que ostentam políticos, empreendimentos e empresários (não se engane! Tudo isso é pago, e BEM pago!)
Lógico,
isso também ocorre na grande mídia, mas o método regional é mais tosco e
evidente. Os rabos presos nas províncias são bem mais curtos que no âmbito nacional.
Pode ser – não podemos excluir qualquer possibilidade – que a Band também tenha
seus interesses na denúncia em questão. Mas o contundente a ser entendido é
que, aos leitores, expectadores e pessoas em geral, cabe hoje uma apuração dos
fatos que devia ser exercida pelo jornalismo (ou seja, estamos fodidos!).
Mais
uma vez, é patente que a seriedade se esvai com o abrir das carteiras, essas
sim imparciais.
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