Na última segunda-feira (1°) foi
realizado, na Câmara de Vereadores de Santo André, o debate “Reforma Política –
os caminhos para uma política melhor”, idealizado pelo vereador andreense Eduardo
Leite, que convidou o Ponto Final para participar da empreitada, auxiliando na
elaboração do tema e da lista de convidados. (Veja matéria nesta edição).
O evento lotou a Casa e foi, em
quase todos os aspectos, um sucesso. Digo “quase”, pois me recordo que no
período da faculdade, quando cursava Ciências Sociais na Fundação Santo André e
participava de eventos com microfone aberto, já tinha a mesma impressão da
obtida na Câmara: o poder de objetividade e síntese dos seres humanos, quando
em grupo, é extremamente defasado – talvez isso seja um fenômeno da ansiedade
gerada pelo momento, algo enraizado no medo que se pendura nos calcanhares da
coragem quando se fala em grupo, e as ideias começam num lugar, e acabam noutro
totalmente diferente, sem conexão entre eles.
Mas esta impressão é coisa de
quem tem de “encher linguiça” na coluna do jornal, e não tira de forma alguma o
mérito do evento – é preciso debater o Estado sempre, quanto mais, melhor.
Sim, o evento foi um sucesso!
A necessidade de melhorar a
política brasileira é patente e isso foi consenso na ocasião, salve um adendo
aqui, outro lá. Os motivos que levam a essa reforma, esses sim, foram motivo de
altercações diversas. Particularmente, entendo que no interior de uma reforma,
seja ela qual for, todos querem ser o “arquiteto”, garantindo com isso estabelecer
os cômodos que lhes são pertinentes virados para aonde “bate sol” – neste caso,
“todos” são os setores da sociedade civil, que são muitos para se elencar aqui
(vamos em frente).
Reformar a política é uma necessidade,
ninguém pode negar; nem condenar que cada um busque o melhor para o seu grupo,
ato esse, natural dentro de um sistema político-econômico baseado em classes (e
só nessas circunstâncias é natural tal impasse).
As palavras mais emitidas da
noite foram “esgotado”, “moral”, “sistema” e “política”. As frases, na maioria
das vezes, usavam duas delas por vez, em construções como: “É necessário
recuperar a moral na política” ou “o sistema está esgotado”.
Bem, da minha parte, não acredito
que o sistema (político e/ou financeiro) esteja esgotado. Para mim, nunca foi
sequer coerente e, inevitavelmente está sendo exposto frente às novas
possibilidades de comunicação fundadas na internet. O sistema já nasceu
esgotado, uma vez que nunca, em nenhum momento da história da sociedade
“moderna”, privilegiou os alicerces da civilização: o trabalhador – antes, a
política está (e esteve) de mãos dadas com o capital privado e seus encantos
monetários – e nessa conjectura, não é possível moralidade na política.
Contudo, mais uma vez, assim como
navegar, debater é preciso, e Santo André sai na frente com suas naus, perante atitudes
como as de Leite. Sim, o evento foi um sucesso!
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