sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Debater é preciso (ainda mais a política)



Na última segunda-feira (1°) foi realizado, na Câmara de Vereadores de Santo André, o debate “Reforma Política – os caminhos para uma política melhor”, idealizado pelo vereador andreense Eduardo Leite, que convidou o Ponto Final para participar da empreitada, auxiliando na elaboração do tema e da lista de convidados. (Veja matéria nesta edição).

O evento lotou a Casa e foi, em quase todos os aspectos, um sucesso. Digo “quase”, pois me recordo que no período da faculdade, quando cursava Ciências Sociais na Fundação Santo André e participava de eventos com microfone aberto, já tinha a mesma impressão da obtida na Câmara: o poder de objetividade e síntese dos seres humanos, quando em grupo, é extremamente defasado – talvez isso seja um fenômeno da ansiedade gerada pelo momento, algo enraizado no medo que se pendura nos calcanhares da coragem quando se fala em grupo, e as ideias começam num lugar, e acabam noutro totalmente diferente, sem conexão entre eles.

Mas esta impressão é coisa de quem tem de “encher linguiça” na coluna do jornal, e não tira de forma alguma o mérito do evento – é preciso debater o Estado sempre, quanto mais, melhor.

Sim, o evento foi um sucesso!

A necessidade de melhorar a política brasileira é patente e isso foi consenso na ocasião, salve um adendo aqui, outro lá. Os motivos que levam a essa reforma, esses sim, foram motivo de altercações diversas. Particularmente, entendo que no interior de uma reforma, seja ela qual for, todos querem ser o “arquiteto”, garantindo com isso estabelecer os cômodos que lhes são pertinentes virados para aonde “bate sol” – neste caso, “todos” são os setores da sociedade civil, que são muitos para se elencar aqui (vamos em frente).
Reformar a política é uma necessidade, ninguém pode negar; nem condenar que cada um busque o melhor para o seu grupo, ato esse, natural dentro de um sistema político-econômico baseado em classes (e só nessas circunstâncias é natural tal impasse).

As palavras mais emitidas da noite foram “esgotado”, “moral”, “sistema” e “política”. As frases, na maioria das vezes, usavam duas delas por vez, em construções como: “É necessário recuperar a moral na política” ou “o sistema está esgotado”.

Bem, da minha parte, não acredito que o sistema (político e/ou financeiro) esteja esgotado. Para mim, nunca foi sequer coerente e, inevitavelmente está sendo exposto frente às novas possibilidades de comunicação fundadas na internet. O sistema já nasceu esgotado, uma vez que nunca, em nenhum momento da história da sociedade “moderna”, privilegiou os alicerces da civilização: o trabalhador – antes, a política está (e esteve) de mãos dadas com o capital privado e seus encantos monetários – e nessa conjectura, não é possível moralidade na política.

Contudo, mais uma vez, assim como navegar, debater é preciso, e Santo André sai na frente com suas naus, perante atitudes como as de Leite. Sim, o evento foi um sucesso!

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