Quando o senhor Oliveira Brasil adentrou
o consultório o doutor pôde, de imediato, chutar um diagnóstico. Claro!
Evidente! Sem sombra de dúvida! Os sintomas eram manifestos. Brasil estava
branco. Dos pés a cabeça, não se constatava qualquer sinal de melanina. Sofria
de uma doença antiga que, mesmo erradicada aqui e ali, volta e meia ressurge –
para o terror de todos, pois sua característica mais fundamental é a incrível
potencialidade de contágio.
Os primeiros focos desta patologia
surgiram na África. Sinais de melhora foram constatados com o uso de uma erva
local, popularmente chamada de Mandiba.
Para o Sr. Brasil, porém, o tratamento seria ineficaz. O médico decidiu pelo isolamento.
Já na ambulância, o bom doutor questiona
quais foram os primeiros sintomas. Responde que parecia sentir seu intestino
invadido, lotado e revoltado.
O doutor anota. Faz sentido. Tomou algo
para aliviar, volta a indagar. Laxante, replica Brasil, uma “tropa” de
laxantes, define. Rapidamente, as tripas estavam limpas e rosadas novamente.
Excretou uma massa pútrida e negra, afirma.
Os glóbulos brancos de Brasil pareciam
atuar bem, e nenhum sinal de infecção foi verificado. O médico, todavia,
resolve repetir o exame de sangue. Segundo ele, glóbulos brancos têm a característica
peculiar de cercar o problema, mascarando-o e dificultando o diagnóstico.
Não deu outra. Brasil sofria de Segregacionismus Ignorantus.
O uso dos
laxantes foi um grande erro, que somente eliminou os sintomas, sem, no
entanto, tratar a causa.
Brasil entra em pânico. O que fazer
agora, doutor?
Nada, explica o médico. Agora é esperar,
senhor Brasil.
Minha saúde sempre foi perfeita, se antecipa
Brasil. Todo o dia tomo um coquetel de medicamentos. Sigo programas
internacionais para garantir o bem-estar e funcionamento correto do corpo.
Medidas paliativas, senhor Brasil,
conforma o médico, medidas paliativas. Por acaso o senhor se exercitou?
Não!
Estudou?
Não!
Desenvolveu alguma atividade esportiva?
Um futebolzinho, às quartas-feiras...,
retruca Brasil.
Pois é, seu Brasil... Um futebolzinho
nunca é o suficiente, nunca é o suficiente...
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