sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Brasil é desenganado pelos médicos

Quando o senhor Oliveira Brasil adentrou o consultório o doutor pôde, de imediato, chutar um diagnóstico. Claro! Evidente! Sem sombra de dúvida! Os sintomas eram manifestos. Brasil estava branco. Dos pés a cabeça, não se constatava qualquer sinal de melanina. Sofria de uma doença antiga que, mesmo erradicada aqui e ali, volta e meia ressurge – para o terror de todos, pois sua característica mais fundamental é a incrível potencialidade de contágio.

Os primeiros focos desta patologia surgiram na África. Sinais de melhora foram constatados com o uso de uma erva local, popularmente chamada de Mandiba. Para o Sr. Brasil, porém, o tratamento seria ineficaz. O médico decidiu pelo isolamento.

Já na ambulância, o bom doutor questiona quais foram os primeiros sintomas. Responde que parecia sentir seu intestino invadido, lotado e revoltado.

O doutor anota. Faz sentido. Tomou algo para aliviar, volta a indagar. Laxante, replica Brasil, uma “tropa” de laxantes, define. Rapidamente, as tripas estavam limpas e rosadas novamente. Excretou uma massa pútrida e negra, afirma.

Os glóbulos brancos de Brasil pareciam atuar bem, e nenhum sinal de infecção foi verificado. O médico, todavia, resolve repetir o exame de sangue. Segundo ele, glóbulos brancos têm a característica peculiar de cercar o problema, mascarando-o e dificultando o diagnóstico.

Não deu outra. Brasil sofria de Segregacionismus Ignorantus.

O uso dos laxantes foi um grande erro, que somente eliminou os sintomas, sem, no entanto, tratar a causa.

Brasil entra em pânico. O que fazer agora, doutor?

Nada, explica o médico. Agora é esperar, senhor Brasil.

Minha saúde sempre foi perfeita, se antecipa Brasil. Todo o dia tomo um coquetel de medicamentos. Sigo programas internacionais para garantir o bem-estar e funcionamento correto do corpo.

Medidas paliativas, senhor Brasil, conforma o médico, medidas paliativas. Por acaso o senhor se exercitou?

Não!

Estudou?

Não!

Desenvolveu alguma atividade esportiva?

Um futebolzinho, às quartas-feiras..., retruca Brasil.


Pois é, seu Brasil... Um futebolzinho nunca é o suficiente, nunca é o suficiente...

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