segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Copos, taxis e periféricos narcóticos

Segunda-feira não é dia de escrever crônica. Segunda-feira não é, sequer, um “dia” – é antes um período de limbo entre a beleza do fim de semana e a aflição da matéria pela metade (e parece que o editor tem um despertador para lembrá-lo de te lembrar que você é um bêbado irresponsável, incapaz de cumprir um prazo sequer. Fuck Off!

Aí, então, você acessa o site do banco. Resistentes 0,93 centavos permanecem incólumes a sua boemia das noites anteriores (uma série de fragmentos rodeados por copos, taxis e periféricos narcóticos). O cigarro já era e você precisa escrever um texto. Teve peito de frango no almoço – o alimento mais pálido e sem graça da Terra. A rádio começa a tocar Guns N’ Roses (ave Maria cheia de graça, o senhor é convosco...).

A ressaca parece, contrapartida, sob controle – algo tão incomum que o jornalista pensa estar apenas sofrendo de um silêncio maligno de seu órgãos, que a qualquer momento terão um colapso simultâneo e fulminante. Uma piada de mau gosto do destino.

Mas nada acontece!

O Facebook está repleto de besteiras. Segunda-feira, claro, não é dia de curtir fotinhos de cachorrinhos fofinhos fazendo fofuras em toda sua fofolência. À MERDA COM ISSO!

O que será que fazia o Bukowski às segundas-feiras?

O café cheirando na copa lembra a falta de cigarros. A página está em branco e existem duas horas de fita para transcrever. Quero minha assistente, mesmo sabendo que esse negócio de assistente não existe.

São duas e dez.

Onde estava nessa hora ontem?

Ah sim, claro! Muy bueno!

Segunda-feira. Conta no zero. Cigarros, somente os confeccionados manualmente (isso guarda algumas vantagens) e uma interminável semana pela frente; textos pela metade e angústias fictícias. Não que aja, é evidente, um terrível desânimo em recomeçar, mas é incontrolável a relutância em abandonar a alegria do domingo, do sábado, da sexta... Whatever! Que venham os cigarros manuais.

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