Ele é bêbado e
pervertido. Sua trajetória libertina é repleta de trepadas com mulheres sensuais,
porres homéricos e brigas colossais. Seu nome é Robsbaum Trilha, o mais
indecente ser vivo que já pisou no ABC.
Foi com
surpresa que este que escreve atendeu o telefone numa certa madrugada e
teve o prazer de ouvir a voz rouca e embolada de Robsbaum. “E aí, seu puto!”,
disse ele. “To todo fodido”, continuou, “Tem alguma merda pra escrever aí?”.
Sempre tem, respondi.
Acontece que o
“estar todo fodido” de Robsbaum significa, nove em dez vezes, mulher. O encanto que exerce no sexo
oposto é superado somente pela presença tóxica de seu caráter, e palavras como constância,
segurança e prudência jamais foram incorporadas ao vocabulário deste iminente
jornalista, o que por fim, juntamente ao seu alcoolismo proeminente, dava fim a
todos os seus relacionamentos.
Sim, claro,
Robsbaum Trilha exerce essa que deve ser a segunda dentre as mais antigas
profissões do mundo – pois, surgida a categoria de prostituta, a de jornalista procederia
naturalmente.
Mas Robsbaum é
também um desgraçado! Reza a lenda que sua presença emana um fator de morte que destrói tudo ao redor
– uma maldade, pois a verdade é que participou da decadência de tantas coisas,
entre pessoas e lugares, não por ser o responsável pela bancarrota, mas por ser
a última esperança aos desesperados (justificava ele).
Não se tem
notícia de filhos ou casamento na vida de Robsbaum. Algumas paixões,
certamente. Todavia, o amor sempre foi um “cão dos diabos”, parafraseava ele, resgatando
o velho Buk, de forma que sempre manteve um cômodo espaçoso no coração,
destinado a amar o amor em si, não a figura na qual o sentimento insiste em
recair. Em outras palavras, o negócio de Robsbaum é meter, e só.
“Estou me
mudando pra aí, consegue algum esquema pra mim?”, perguntou ele.
“Vou falar com
uma galera!”
“Pode ser
qualquer porra. Só quero pagar o aluguel e o bar!”
“Demoro!”
O telefone é
desligado. Robsbaum vem aí!
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